quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

texto: Relexão sobre residências artísticas

O artista plástico é geralmente um solitário, introspectivo, no que diz respeito à sua criação. E essa introspecção é fácil de compreender, uma vez que seu trabalho depende de uma investigação profunda de questões e valores pessoais. Mas ao mesmo tempo, um artista depende de constante estímulo para produzir sua obra.



E como qualquer outra pessoa, o criador também constantemente se vê afundado em meio a rotinas e repetições da vida mais prática, o que pode ser um veneno para a criação. Então, como equilibrar a necessidade de reserva e silêncio, fugir da monotonia massacrante do dia a dia, e buscar novos estímulos para seu trabalho?

Naturalmente cada artista tem a sua fórmula para este problema. Como artista plástico acho que uma das maneiras mais ricas de conciliar espaço e tranquilidade para a criação, quebra da rotina e estímulo constante são as residências artísticas. Uma residência artística pode transformar e reorientar seu trabalho.


Estar em outro local, outra realidade, onde tudo é novidade, tudo é informação fresquinha, a cada esquina, a cada minuto, pois nada daquilo faz parte do seu território ou da sua zona de conforto, te tira do óbvio, te leva a refletir muito além do habitual. Experimenta-se por algum tempo uma outra vida. Você precisa se adaptar, criar novas interfaces. 


Você apreende em pouco tempo muito mais do que apreenderia na sua rotina já bem conhecida de casa. Há um compromisso em pensar um novo trabalho em resposta a este novo local. É preciso criar novas saídas, novas formas, novos meios, descobrir e aprender novas técnicas. É um momento fundamental de retirada e de isolamento, o que propicia o contato com questões profundas do seu trabalho, que resultam em novos caminhos de produção.

E além disso, há o contato e as trocas com os outros artistas que estão lá na residência artística ao mesmo tempo que você. Muitas vezes pessoas de diversas nacionalidades, com as quais normalmente você não teria oportunidade de conviver.


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